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200 anos de atraso

Por 01/09/2017 - 11:22

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Foto: Divulgação
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Os usineiros de Alagoas nem ao menos iniciaram a moagem da safra 17/18 e já começaram a pressionar o governo para isentar as usinas de pagar ICMS.

Alegam risco de fechamento de novas unidades industriais e desemprego em massa de trabalhadores no campo e nas cidades. Esse argumento social da manutenção de empregos é falso e vem desde os tempos dos engenhos banguês.

O setor está em crise, mas a culpa não é do ICMS e outros tributos. Até porque os usineiros sempre arrumaram desculpas para não pagar impostos. Entra governo e sai governo e sempre surgem medidas para justificar a sonegação.

Até 1987, as usinas respondiam por 60% da arrecadação de impostos em Alagoas. Naquele ano, ocorreu o famigerado acordo dos usineiros, que reduziu a tributação a quase zero. E nem assim impediu a decadência e a quebradeira de usinas, por má gestão do setor e queda no preço internacional do açúcar.

Trinta anos depois, metade das 26 usinas alagoanas fechou as portas, milhares de trabalhadores perderam o emprego, 10 mil plantadores de cana quebraram e o Estado - sem arrecadação - entrou também em colapso.

Junto com os políticos que sempre financiaram, os usineiros formaram uma elite incompetente e predadora que engessou o desenvolvimento de Alagoas e culminou com 200 anos de atraso.

Dois séculos de exploração produziram um Estado quebrado, um projeto de classe média fragilizado, meia dúzia de milionários e um exército de miseráveis.  


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